Nascido em 1939 em Nova Iorque, Joel-Peter Witkin ficou conhecido pelo seu trabalho fotográfico marcante, onde mistura corpos defeituosos com símbolos sado-masoquistas, pedaços de cadáveres com ícones religiosos, tudo completado pelo acabamento artesanal que transforma cada fotografia sua numa peça única.
Witkin começou a fotografar aos 17 anos, quando determinou fazer o retrato de um rabino que afirmava ter visto e conversado com Deus. Sendo ele filho de pai judeu ortodoxo e de mãe católica, a temática religiosa esteve sempre presente na sua obra.
Depois do rabino visionário, fotografou um hermafrodita num circo de horrores de Coney Island. A fascinação foi tanta que ali ocorreu também a sua primeira experiência sexual, que deixou marcas na sua obra.
Quando chegou a época de se alistar no exército, Witkin recebeu a missão de documentar fotograficamente as mortes acidentais ocorridas em treinos militares. “Cheguei a endurecer-me de tal forma em relação á morte que me alistei como fotógrafo no Vietnam”, disse Witkin.
Afastado do exército, voltou à fotografia artística, formando-se Master of Arts na Universidade do Novo México em 1976
Quando fez a sua primeira exposição individual em 1980, em Nova Iorque, transformou-se imediatamente em foco de atenção. Por um lado, recebeu elogios pela profundidade temática da sua obra, calcada nos temas da dor e da morte e escorada por referências clássicas; por outro, foi atacado como sensacionalista, despudorado, blasfemo e outros adjetivos menos respeitáveis.
Witkin centra-se em tudo aquilo que a sociedade marginaliza. Contrariamente ao que é feito na maioria da Arte, Witkin traz a público a condição humana mais degradante e assustadora, não somente como uma provocação e uma crítica social e estética, mas também como forma de fazer notar que até no grotesco se pode encontrar beleza. (Hããã… tá… okey.)
Este fotógrafo obriga a quem o vê a aceitar o lado horrível da coisas e, para além disso, a reconhecer nele o direito à existência e à sua exposição sem qualquer tipo de reserva ou pudor.
As referências aos clássicos da pintura e da escultura estão quase sempre presentes nas fotografias de Witkin.
Ele estudou a fundo a arte religiosa, com ênfase em Giotto, e também simbolistas como Gustav Klimt e Alfred Kubin.
Na sua obra também se encontram elementos de crítica social. Ao mostrar o horrível, é também uma forma de crítica contra a beleza artificial e padronizada que a mídia espalham por todo o mundo.
O trabalho de Witkin é detalhista. Cada fotografia começa como um esboço rabiscado no papel, passa por uma difícil etapa de produção, quando os modelos e os objetos de cena são procurados, entra por uma meticulosa sessão no estúdio e passa por muitas horas no laboratório de pós-produção, com manipulação directa sobre o negativo, propositadamente maltratado com agentes químicos e ação física.
O Sepia predomina em todo o seu trabalho, embora por vezes também use o Preto e Branco. Uma das razões para isto, talvez seja o fato do Sepia ser uma tonalidade que confere às imagens um ar antigo e decadente, além dos contrastes serem mais acentuados. Sendo o trabalho de Witkin todo ele decadencista e bizarro, o Sepia é uma tonalidade que assenta perfeitamente, ajudando a criar atmosfera e intensificando o impacto dos elementos presentes nas imagens.
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